Faz parte de um consenso científico a ideia de que a gordura trans – encontrada em lanches de fast food, carnes, biscoitos industrializados, margarinas, queijos e muitos outros alimentos – está relacionada ao aparecimento de doenças cardíacas. O mantra de que a gordura saturada precisa ser eliminada da alimentação, para a prevenção de tais doenças dominou a publicidade e alguns manuais de saúde por quase 40 anos. Entretanto, a verdade é que, atualmente, as evidências científicas mostram, paradoxalmente, que tal “recomendação médica” gerou um aumento nos riscos cardiovasculares.
Além do mais, a obsessão dos governos com os níveis de colesterol total levou milhões de pessoas a se medicarem excessivamente com as estatinas, que acabaram desviando nossa atenção do risco, bem maior, de dislipidemia aterogênica – alteração metabólica nos lipídeos, fazendo com que se acumulem na parede de artérias, degenerando a parede arterial.
Desde a década de 70, a gordura saturada vem sendo demonizada. Um famoso estudo desse período estabeleceu uma relação entre a incidência de doença coronariana e as concentrações totais de colesterol, que então correlacionou a proporção de calorias fornecidas pela gordura saturada. Contudo, aí é que mora o mal-entendido, porque correlação não é causa direta, correto?
O fato é que esta nova pesquisa – feita pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra – não conseguiu estabelecer a ligação entre a gordura saturada e o aumento do risco de doenças cardíacas.
Evidentemente que tal conclusão não é definitiva, nem tampouco um sinal verde para o consumo sem limites desse tipo de gordura, mesmo porque ainda não houve a comparação entre o impacto dos diferentes alimentos na saúde, e qual o efeito específico de dietas compostas por diferentes tipos de gordura em cada organismo.
Mesmo assim, alguns estudiosos de Harvard, nos Estados Unidos, chamam nossa atenção, acertadamente, ao fato de que o consumo jamais se refere apenas a um nutriente, de maneira isolada, mas sim de uma interrelação entre diferentes alimentos. Como, por exemplo, quem reduz a gordura saturada, mas consome mais carboidratos refinados – pães, massas e outros. O ideal, concluem os especialistas norte-americanos, é que a ciência limite o consumo de alimentos, de forma específica, e não apenas de uma ou outra substância.
Deu vontade de comer bacon com ovos e queijos? Pegue leve, afinal, com certeza existem alimentos melhores!
Fonte foto: mbaqueen.com