Desde 2008 o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Em nome da produtividade esses venenos são permitidos pondo à mesa a saúde ambiental e humana.
Os agrotóxicos são utilizados em maior quantidade quando se cultivam variedades de plantas que não são adaptadas ao clima, solo e outras condições locais, ou em monoculturas. Em contrapartida, a agroecologia, um meio ecologicamente correto e viável de se manejar e cultivar, apresenta técnicas e propostas de produção de alimentos que visam romper a visão atual que se tem na agricultura brasileira, onde se acredita que a produção em grande escala só se torna possível com o uso excessivo de agrotóxicos.
O uso dos defensivos agrícolas, ou agrotóxicos, promete saúde mas apresenta riscos aos que consomem e aos trabalhadores que os manipulam. Hoje o Brasil possui e opera mais de 400 tipos de agrotóxicos registrados entre inseticidas, fungicidas e herbicidas. As consequências desse modelo de produção são sérias, o uso desses agrotóxicos não contaminam apenas o solo, a água e o ar, contaminam também os seres humanos.
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em parceria com a Fiocruz em Lucas do Rio Verde, apontou que em 62 amostras coletadas de leite materno constatou-se a presença de ao menos um tipo agrotóxico. Em 85% dos casos foi encontrado traços de dois ou mais tipos de defensivos no leite materno. Os vestígios encontrados em 100% das amostras são de um defensivo chamado de DDE – um metabólico do DDT que foi proibido pelo governo federal em 1998 por causar males a saúde.
O consumo prolongado de alimentos contaminados por agrotóxicos, ao longo de 20 anos, pode provocar doenças como o câncer, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais e malformação congênita em fetos.
A ABRASCO, Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva lançou o dossiê “Um Alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde” que visa alertar, por meio de evidências científicas, as autoridades públicas nacionais, internacionais e a população, sobre a preocupação de pesquisadores, professores e profissionais a respeito do crescente uso dos agrotóxicos no país, a contaminação do ambiente e das pessoas, resultantes deste uso e seus severos impactos sobre a saúde pública, a fim de que sejam construídas políticas públicas que visem proteger e promover a saúde e os ecossistemas impactados pelos agrotóxicos.
Diante deste cenário de crescimento vertiginoso do uso de agrotóxicos, mais de 50 entidades nacionais se juntaram desde 2012 na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida onde exigem o aumento na rigidez das fiscalizações, proíbam o uso de produtos químicos já banidos em outros países e rotulem os produtos alimentícios com informações sobre os agrotóxicos utilizados.
Atualmente fugir desses agrotóxicos é quase impossível – vivemos na época em que “bruxas” não envenenam apenas as maçãs para darem às princesas. Por isso é preciso redobrar os cuidados e tentar diminuir os riscos aos quais somos expostos. Então vale ressaltar a importância de escolher alimentos certificados, cujos produtores se comprometam com boas práticas agrícolas; dar preferência às opções orgânicas e produtos da época; e mesmo que o resultado não seja 100% eficaz em relação aos agrotóxicos, é importante lavar bem os alimentos.
Confira aqui 5 dicas importantes que podem nos auxiliar na lavagem e na eliminação de resíduos de agrotóxicos e sujeiras dos alimentos.
Nota: O título se refere ao documentário dirigido por Silvio Tendler. Veja aqui na íntegra:
Fonte foto: Stock.Xchng