A indústria da moda nunca foi democrática, a não ser, talvez, na ponta final, já que todos devem ser potenciais consumidores.
Nas passarelas, nos castings das agências, na padronagem excludente, a moda sempre rejeitou corpos que não fossem de mulheres brancas e magras. Entretanto, esse tipo de corpo corresponde a uma fração que não representa a diversidade da vida e como ela se manifesta nos inúmeros tipos de corpos.
Mais recentemente, a numeração das roupas tem sido expandida e alguns desfiles apresentam modelos que fogem dos estereótipos. Mas ainda é difícil vermos a diversidade da vida sendo representada nas passarelas e na publicidade.
Contra esse fascismo corporal, a Gucci lançou uma campanha com a modelo Ellie Goldstein, portadora de Síndrome de Down. O resultado foi similar à campanha da Natura para o Dia dos Pais com Thammy Miranda: um sucesso!
A visibilidade de pessoas com deficiência ainda precisa de muita luta, ainda mais na indústria da moda, que sempre elegeu um padrão de beleza inalcançável.
Em 1998, o estilista Alexander McQueen já havia denunciado que:
“Em um mundo onde o conceito dominante do que é e não é bonito torna-se cada vez mais estreito, você tem que ser jovem, tem que ser magro, de preferência loira e, claro, pele clara”.
Diversidade vende
Foi criado, durante anos, o mito de que a “diversidade não vende”. Felizmente, esse mito está ruindo, em parte, graças às redes sociais. A campanha com Goldstein recebeu 850 mil curtidas no Instagram – dez vezes o número na postagem média da Gucci, informa o The Guardian.
Goldstein assinou um contrato com a Zebedee Management, uma agência do Reino Unido que representa modelos com vários tipos de deficiência.
O fotógrafo David PD Hyde, que fotografou Goldstein, explicou que “o projeto é sobre abraçar a beleza na diversidade”. Hyde tem experiência em fotografar pessoas com deficiência, e o resultado de suas imagens mostra uma representação sensível, rara e autêntica.
O Relatório de Diversidade de Desfile do Fashion Spot, que analisa o quesito “inclusão” na moda, diz que, embora as semanas de moda tenham registrado um aumento na diversidade racial, de tamanho, idade e gênero nos últimos anos, a deficiência sempre foi silenciada. Ou seja, modelos com deficiência nunca pisaram em uma passarela.
Acontece que pela passarela da vida todos nós passamos. E já passou da hora de a passarela inventada se reinventar.
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