O Ministério Público Federal – MPF – de Brasília, levou ontem ao conhecimento da Justiça uma Ação Civil Pública, a fim de exigir da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – a aceleração no processo de reavaliação de certas substâncias, que são muito presentes na composição de agrotóxicos.
Inclusive, dada a seriedade do caso, o MPF solicitou que, enquanto esses laudos conclusivos não saírem, tais substâncias devem ser suspensas do mercado.
Os componentes que estão sob suspeita do MPF são:
* parationa metílica – Tóxica aos neurônios, pode desregular glândulas endócrinas, gerar mutações e cânceres;
* lactofem – Cancerígena;
* forato – Alto nível de toxicidade e danosa para funções cerebrais;
* carbofurano – Muito tóxica, pode desregular funções digestivas;
* abamectina – Prejudica o crescimento;
* tiram – Promove mutações e desregula funções endócrinas; paraquate – Extremamente tóxica ao homem;
* glifosato – Alta concentração de impurezas, potencialmente tóxica.
Impressionante, não é mesmo?
Essa questão da reavaliação não é de hoje. A ANVISA já havia feito tal análise no ano de 2008. Nessa época, estiveram sob investigação uma amostragem de 14 diferentes substâncias, que participam da composição de cerca de 200 agrotóxicos distintos.
Tais elementos têm muitos estudos publicados sobre os efeitos negativos que causam na saúde humana, como no caso dos compostos, cujos princípios ativos continham Endosulfan – foi retirado de circulação em 45 países – Cihexatina – eliminada de toda a União Europeia e também em: Austrália, Canadá, Estados Unidos, China, Japão, Líbia, Paquistão e Tailândia – e Metamidofós – não mais visto na União Européia, China, India, e Indonésia, entre outros.
Desde então, pelo menos quatro foram retiradas do mercado – Cihexatina, Endosulfan, Metamidofós, Triclorfom – e um conta com restrições para comercialização – Fosmete.
A grande ironia de um caso como esses reside no fato de que, boa parte do mundo desenvolvido luta por soluções mais sustentáveis, de respeito à vida humana e ao meio ambiente. No Brasil, a luta é contra os grandes empresários do agronegócio, cujos poderes influenciam nas decisões tomadas, inclusive, a respeito de substâncias tão claramente nocivas, como as citadas no texto.
Vamos fiscalizar para que, dessa vez, a justiça seja rápida e decida em favor do meio ambiente e da saúde pública.
Fonte foto: Stock.Xchng