A França aprovou o projeto de lei que permite a reintrodução de pesticidas neonicotinoides, derrogando a lei anterior, com 313 votos a favor e somente 158 contra, na assembleia nacional, um braço do parlamento francês.
A aprovação encontra-se agora no Senado, antes de passar à segunda votação na Assembleia Nacional. Mas a notícia já é trágica e é um grande retrocesso na luta para salvar as abelhas.
🚨#neonicotinoïdes Malgré les preuves scientifiques et la pression de l’opinion publique, ce gouvernement continue d’encourager l’empoisonnement des sols, des animaux et des assiettes pic.twitter.com/xya1JeaBbg
— Greenpeace France (@greenpeacefr) October 6, 2020
Em 2018 a União Europeia proibiu três inseticidas à base de neonicotinoides devido ao alto risco ambiental que representam, principalmente para os polinizadores. Mas agora, a França, um dos países mais vanguardistas em legislação e proteção apícola até agora, corre o risco de uma grande reviravolta, permitindo que uma substância proibida entre novamente no mercado e na natureza.
O governo francês está prestes a conceder uma derrogação de três anos à proibição dos neonicotinoides. O objetivo é fornecer autorizações de emergência para o uso dessas susbtâncias devido às difíceis condições dos produtores de beterraba. Essa proposta preocupante não só rejeita o enfoque nas alternativas existentes, viáveis e potenciais, mas pode abrir caminho para outras derrogações (por exemplo, no milho).
Vamos lembrar que, nos últimos dois anos, a França tem estado de alguma forma na vanguarda da proteção do meio ambiente e da vida selvagem na Europa. Ela ainda melhorou muito as condições para as abelhas com sua “Lei da Biodiversidade” ao proibir cinco neonicotinoides em 2018, incluindo substâncias que a UE ainda não baniu, mas que pesquisas científicas sugerem que representam um risco para as abelhas.
Apicultores, organizações ambientais e a população estão muito preocupados e pedem que votem contra essas mudanças legislativas para evitar essa ameça.
De acordo com a legislação da UE, autorizações de emergência podem ser emitidas para produtos proibidos somente quando alternativas que atendem aos critérios de eficácia, operabilidade, sustentabilidade e praticidade não estiverem disponíveis.
Infelizmente, esta situação tem um grande impacto no meio ambiente, nas abelhas e na biodiversidade em geral.
A situação na França é problemática e pode abrir um precedente perigoso. O alto risco que os neonicotinoides representam para os insetos, especialmente as abelhas, tem sido amplamente discutido na literatura científica nos últimos anos, levando até mesmo a decisões cruciais, como a proibição de três substâncias pela União Europeia.
Fonte: BeeLife, Greenpeace França