Na semana passada, o governo paulista propôs a transposição das águas da Represa do Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, para remediar a escassez de água no sistema Cantareira, o que nos inspirou a escrever este singelo guia para o caso das autoridades não saberem como agir. Anotem tudo:
Índice
1º Passo: crescimento desordenado
Estabelecer uma macrometrópole com algumas dezenas de milhões de habitantes, com pouco ou nenhum planejamento. O planejamento poderia levar à segurança hídrica sem a necessidade de bombear água por centenas e centenas de quilômetros, e ainda evitar a ocupação de áreas de mananciais, a destruição de nascentes e a poluição da água.
2º Passo: cultura de desperdício
Um sistema em que ninguém se sinta responsável pela escassez e que grande parte (mais de 35%) da água tratada se perca antes mesmo de chegar aos domicílios ajuda a manter baixo o nível dos reservatórios. O estímulo a modelos agropecuários e industriais que utilizem bastante água também ajuda. Você sabia que apenas 8% da água captada é utilizada para consumo doméstico?
3º Passo: desmatamento
Áreas florestadas tendem a ‘produzir’ chuva, e a vegetação nas margens de cursos d’água reduzem o assoreamento. Permitir o desmatamento – ou não fiscalizá-lo adequadamente – também ajuda a diminuir o estoque de água nos reservatórios.
4º Passo: mudanças climáticas
Apesar de alguns cientistas ainda discordarem sobre o que está causando o aquecimento global, fato é que ampliar a emissão de gases de efeito estufa certamente agravará seus efeitos. Com sinais de mudança climática em diversos locais do globo, a remoção da cobertura vegetal e a queima de combustíveis fósseis tendem a intensificar as mudanças que já estão ocorrendo – sejam elas erráticas ou permanentes – inclusive no regime de chuvas – eventualmente diminuindo as chuvas na cabeceira dos rios que alimentam os reservatórios.
5º Passo: sistema centralizado
Se os governos incentivassem e promovessem sistemas de captação e reúso de água em edifícios e residências, evitaríamos o gasto de litros e litros de água potável a cada vez que alguém tem que empurrar seus dejetos para o rio mais próximo. Com isso, poderia se diminuir o consumo de água que vem das estações de tratamento – e talvez não fosse necessária nenhuma transposição.
Fonte foto: Stock.Xchng