O relatório feito pelo IPCC tem objetivo de fornecer informações cientificas, técnicas e socioeconômicas em relação às mudanças climáticas. Os capítulos do relatório avaliam riscos e oportunidade para sociedades, economias e ecossistemas de todo o mundo. No segundo capítulo divulgado nesta segunda-feira em Yokohama, no Japão, há informações sobre o estado climático atual e previsões de como será a mudança global até 2100.
Elaborado após uma semana de calorosas negociações o relatório vai ajudar a trilhar negociações entre governos para criarem uma política internacional que reduza as emissões de gases para frear o . As mudanças climáticas não são um problema para o fim do século, já estão acontecendo agora, causando impactos ao ambiente e aos seres humanos. Para o futuro os riscos relacionados ao clima tendem a se amplificar e, por enquanto, o mundo está pouco preparado para lidar com essa situação. É o que aponta o “Sumário para Formuladores de Políticas“, uma introdução não técnica do documento que analisou o impacto, adaptação e vulnerabilidade do planeta mediante às mudanças climáticas.
O texto aponta que os problemas têm ocorrido em todo o mundo, sejam países ricos ou pobres, mas o grau de vulnerabilidade é maior para a população pobre, principalmente de países tropicais, onde serão mais afetados por situações de secas e inundações, com o risco de insegurança alimentar.
José Marengo, pesquisador do Centro de Ciências do Sistema Terrestre, ligado ao Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – é um dos autores do novo capítulo elaborado pelo IPCC. Segundo Marengo, o bioma Amazônia pode sofrer graves consequências devido a alteração no regime de chuva, desmatamento e aumento da temperatura no leste e sul amazônico.
Explica ainda que regiões como o Sudeste do Brasil, a região de Buenos Aires, na Argentina e localidades nos Andes devem sofrer com excesso de chuvas, principalmente regiões que já são acometidas por alagamentos e deslizamentos de terras, já que a tendência para o futuro é a ocorrência de muita chuva acumulada em poucos dias, além de dias mais secos e de mais calor.
O texto também traz informações sobre a necessidade dos países investirem na adaptação de diversas áreas para enfrentar as mudanças climáticas sendo um dos pontos principais a questão agrícola. Os investimentos na biotecnologia e em técnicas que possibilitem plantio de qualidade em áreas já degradadas podem evitar possíveis danos à produção de alimentos. Explica o brasileiro Marcos Buckeridge – também autor do texto do IPCC.
Marengo, juntamente com outros autores participantes na elaboração do relatório, concederão nesta terça-feira (1°), às 14 horas, uma coletiva para apresentar os resultados do Resumo para Formuladores de Políticas, que faz parte do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC.
A coletiva será aberta pelo Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, e pelo Presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis. A apresentação do documento será realizada na sede da Academia Brasileira de Ciências no Rio de Janeiro.
A terceira parte do relatório deve ser divulgada ainda este ano.
Fonte foto: Morgue File