Passando a boiada, após visita de Ministro, Ibama suspende fiscalização de garimpo em terra indígena

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Um dia depois do encontro do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com garimpeiros que estão na terra indígena da região de Munduruku no Pará, o governo deu ordem para suspender as ações de fiscalização do Ibama no local, segundo informou uma reportagem do G1.

Assim, na quinta-feira, 6, o Ministério da Defesa interrompeu a operação “Verde Brasil 2” de combate a garimpos ilegais na terra indígena de Munduruku, que estava em andamento, sendo liderada por militares e efetivadas pelo Ibama.

Três helicópteros do órgão ambiental que estavam na Base da Força Aérea Brasileira na Serra do Cachimbo foram proibidos de decolar, tratava-se de uma operação do Grupo Especializado de Fiscalização (GEF), considerado a Tropa de Elite do Ibama.

A operação deveria continuar naquela quinta-feira, mas a coordenação de fiscalização do Ibama recebeu um documento do Ministério da Defesa suspendendo todas as ações na região.

Segundo uma outra reportagem, agora do Estadão, o Ministério da Defesa informou na ocasião, que as operações haviam sido “interrompidas para reavaliação”. Porém, na sexta-feira, 7, o governo mudou de ideia e determinou o retorno da operação, alegando que a paralisação ocorreu por causa de um pedido dos próprios indígenas “para permitir avaliação de resultado”.

Os indígenas negam que tenham feito tal pedido e afirmam que essa foi só uma estratégia do governo para permitir que os garimpeiros tivessem tempo hábil para se livrar da fiscalização e punição, retirando o maquinário, produtos e subprodutos utilizados na extração ilegal de minérios na região.

A Polícia Federal também atua na investigação desses garimpeiros e em 2018 foi criada uma operação batizada de ‘Bezerro de Ouro’, para tentar desarticular o grupo criminoso que age em Jacareacanga no Pará, região que abriga a terra indígena de Munduruku.

A polícia acredita que o grupo criminoso que atua com extração ilícita de ouro no sudoeste do Pará, pode ter ramificações em outras regiões. As investigações apontaram que o grupo causou dano ambiental estimado em quase R$ 8 milhões.

As ações do governo mostram-se contrárias ao interesse público e inclusive conflitantes com as operações montadas por outros órgãos de fiscalização e polícia. Se já é difícil combater o crime do garimpo, por todas as suas dificuldade de acesso, localização de pessoas que fogem em meio à mata fechada, além de todo o dinheiro e violência que sustentam essa atividade, se o governo não mostrar o comprometimento necessário, ficará cada vez mais difícil proteger o meio ambiente e os povos que dependem dele diretamente.

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Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher
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