O morcego branco é uma espécie rara, cuja principal característica é o pelo branco e o nariz em formato de folha, com tons alaranjados. Alimenta-se exclusivamente de figos, o que acaba sendo ruim para a sobrevivência da espécie, devido à dieta muito restrita. Veja essas e outras curiosidades sobre essa raridade da natureza.
Quando o assunto é morcego, uma das primeiras imagens que vem à nossa mente é aquela criaturinha preta, com dentes afiados e orelhas pontudas. Ou então, o Batman (homem morcego) personagem de ficção que tornou-se um super-herói. Contudo, existem várias espécies de morcego no mundo e uma delas é o morcego-branco-das-honduras, cujo nome científico é Ectophylla alba.
Índice
Características da espécie
A Ectophylla alba é a única do gênero Ectophylla, e única em mais de 1300 espécies de morcego que existem.
Caracterizada por ter o pelo inteiramente branco e brilhante, o morcego branco também possui nariz em formato de folha e coloração alaranjada no nariz, orelhas, lábios e partes das asas.
O tom alaranjado dessas partes é devido à grande concentração de carotenóides, substância que vem sendo muito estudada para entender sobre a degeneração macular (visão turva ou falta de visão).
Alguns estudos apontam que esse tom varia de acordo com a idade e o sexo dos morcegos brancos. Os adultos possuem orelhas mais amarelas do que os jovens e o nariz do macho adulto é mais amarelo do que o da fêmea adulta. Já entre os jovens não há essa distinção.
Outro ponto é que o nariz do macho adulto é mais brilhante do que o do morcego jovem, o que levou os pesquisadores a concluírem que as fêmeas são atraídas por essa condição. As fêmeas engravidam duas vezes por ano e dão à luz a um filho por vez.
Essa espécie de morcego é bem pequena, medindo de 37 a 47 mm apenas e cerca de 5 a 6 gramas. A folha do nariz é ereta, a cauda é ausente e as orelhas são grandes e arredondadas, com a margem externa serrilhada. O nariz também tem borda serrilhada e a boca possui de oito a dez verrugas pequenas.
Outra característica peculiar desta espécie de morcego é o fato de construir tendas com folhas de uma planta chamada Helicônia, cortando-as com os dentes até dobrarem e formarem um cabana. Alguns estudos apontam para o fato da cor alaranjada do nariz e das orelhas desse morcegos terem origem dessa planta.
As tendas protegem os morcegos brancos da chuva e dos predadores. Eles não ficam empoleirados em uma tenda apenas, mas sim em uma rede de barracas espalhadas pela floresta. A luz do sol entra pelas folhas e deixa o pelo dos morcegos com um tom esverdeado, camuflando-os.
Quando estão aglomerados, o pelo branco desses morcegos assemelha-se com um ninho de vespas, o que supostamente espantaria alguns predadores como macacos-prego, macacos-esquilo e cobras.
Os morcegos-brancos alimentam-se basicamente de figos da espécie Ficus colubrinae, o que faz sua dieta ser muito restrita. Essa restrição alimentar juntamente com a baixa reprodução, contribui para diminuição da espécie e, consequentemente, para a inclusão deste animal na lista vermelha do IUCN (International Union for Conservation Nature), como quase ameaçado de extinção.
Onde o morcego branco é encontrado?
O morcego branco também é chamado de morcego-branco-das-honduras, justamente por ser bastante comum em Honduras. No entanto, esse tipo de morcego também pode ser encontrado na Nicarágua, Costa Rica, Panamá e até mesmo no Brasil.
Essa espécie de morcegos prefere florestas perenes e úmidas como as da América Central e do Sul.
Um morcego branco em Campinas
Uma reportagem da EPTV mostrou um espécime de morcego branco encontrado na casa de uma família em Campinas, São Paulo. Os filhos da Sra. Aline brincavam no quintal, quando se depararam com três morcegos pendurados em uma palmeira. Os meninos correram para avisar a mãe e, para a surpresa dela, verificou que dois morcegos eram pretos, mas um deles era mais claro.
Não se tratava de um morcego-branco-de-honduras mas de um caso de leucismo. Assim explicou o gestor ambiental e integrante do programa de conservação de morcegos do Brasil, Rodrigo Araújo Pires.
Ao invés de ficar com medo, Aline decidiu filmar os animais e mandou para o programa Terra da Gente da emissora. A notícia se espalhou até chegar aos ouvidos de Rodrigo Araújo Pires, gestor ambiental e integrante do programa de conservação de morcegos, no Brasil.
Após esclarecer as dúvidas da Sra. Aline sobre questões de segurança, contaminação e periculosidade, Rodrigo explicou que aquele morcego branco não era albino, mas que possuía uma condição chamada de leucismo.
No leucismo, o corpo do animal é branco, mas os olhos e demais partes do corpo possuem uma pigmentação. No caso do morcego branco, essa característica é bem rara e faz com que ele se torne um ser um pouco mais vulnerável, mas segundo Rodrigo isso não impede o desenvolvimento do animal.
Importante frisar que atitudes como a da Sra. Aline contribuem para a preservação da espécie, pois ao invés de ficar com medo e tentar matar os animais que encontrou em seu quintal, ela os deixou no lugar e procurou ajuda especializada.
Morcegos brancos: vídeo com fotos
Curiosidades para você amar os morcegos em geral
Os morcegos em geral causam uma certa repulsa nas pessoas, ainda mais agora por causa da pandemia de coronavírus, cuja suposta origem está nesses animais.
Outro fator que acaba com a reputação desses pequeninos é a crença de que eles se alimentam de sangue. Sim, algumas espécies se alimentam de sangue, mas é a minoria e o sangue que buscam é o de animais e aves, raramente de humanos.
Para embasar essa informação, selecionamos uma matéria publicada pelo site da Universidade Federal de Santa Maria, sobre um projeto de pesquisa chamado Morcegos Urbanos de Santa Maria. Esse projeto é da estudante de Ciências Biológicas, Fabiana Perrando Coradini que, de um jeito descontraído e bem humorado, conseguiu fazer dessas criaturinhas tão temidas, bichinhos fofos e úteis.
Veja de forma resumida a lista de curiosidades sobre morcegos que Fabiana fez:
- Das 180 espécies de morcegos no Brasil, apenas três se alimentam de sangue. Uma se alimenta de sangue de mamíferos e aves, outra somente de aves e a Desmodus rotundus tolera o consumo de sangue humano. Contudo, para isso acontecer, o ambiente deve estar muito degradado e com as presas naturais reduzidas.
- Alguns morcegos são “naturebas”, ou seja, alimentam-se de néctar, pólen e frutos. Já outros preferem insetos.
- Apesar de muitos morcegos preferirem ambientes rústicos e naturais, eles são adaptáveis ao meio urbano. Segundo Fabiana, alguns estudos revelam que determinadas espécies se dão melhor no ambiente urbano do que no natural. Não é a toa que vemos alguns morcegos circulando pela cidade, principalmente a noite.
- É entre os trópicos que vivem as mais diferentes espécies de morcegos. Isso porque a região neotropical abriga muitos insetos e frutos, além do clima ser mais favorável para a reprodução.
- Os predadores dos morcegos são as corujas, gaviões, morcegos carnívoros e a ave anu-branco. No ambiente urbano, o novo predador dos morcegos é o gato, mas os cachorros também conseguem pegá-los quando estão próximos ao chão. Nesses casos é importante que os animais domésticos sejam vacinados, diz a pesquisadora.
- Menos de 30% dos morcegos contraem raiva. Embora esse vírus esteja relacionado aos morcegos pela crença de que eles se alimentam apenas de sangue, a taxa de contaminação é baixa. O que ocorre é que a pecuária invadiu o habitat desses animais, fazendo com que vacas, cavalos, ovelhas e javalis tornassem novas presas das espécies que se alimentam de sangue.
- Para controlar a disseminação da raiva, é preciso manter a vacinação dos animais rurais em dia. Além disso, é preciso cuidar das áreas de preservação para que os morcegos não percam seu habitat e busquem novas presas.
- Morcegos frugívoros são importantes para o reflorestamento de áreas desmatadas, pois eles espalham as sementes durante o vôo através das fezes. Além disso, os morcegos são capazes de dizimar insetos que atacam lavouras e cuidam de plantações sem o uso de pesticidas.
- Os morcegos possuem um radar chamado de ecolocalização que serve para detectar a distância e a posição de objetos e corpos ao redor.
- Por fim, os morcegos não atacam os humanos, mas podem morder quando são capturados.
Portanto, se der de cara com algum morcego, seja ele branco ou não, fique calmo e não tente pegá-lo com as mãos. Entre em contato com o centro de zoonoses da sua região e, se possível, envie imagens do animal para facilitar a identificação.
Como explicado, não há motivos para ter medo. Basta respeitar o animal e preservar o seu habitat para que as diversas espécies de morcegos cumpram o papel para o qual foram designados no planeta. Seja o de polinizar, semear ou mesmo perpetuar a própria espécie.
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