O Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou que o Brasil não fará mais abate de jumentos com o intuito de exportá-los para a China. Agora, espera-se que os casos de maus-tratos ao animal diminuam muito em nosso país.
“Eu acho que a novidade de se transformar o abate desses animais em atividade econômica já coloca em xeque o argumento de que essa decisão pode impactar uma economia que teria surgido e que favorecia a região em tempo de crise a partir dessa atividade”, disse o desembargador Marcos Augusto de Souza, alucidando que a decisão não deve causar prejuízo aos frigoríficos..
O Brasil vinha exportando couro de jumentos para a China desde 2016 para a produção de um medicamento experimental chamado ejiao, muito popular no país asiático. Apesar de não ter comprovação de eficácia, ele é utilizado no país asiático para tratar diversos problemas de saúde, como menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual.
Um dos fatores que acenderam o alerta para a proteção do jumentos é que eles são retirados da caatinga em grande quantidade e não há uma preocupação de renovar o rebanho, como acontece com o gado. Em resumo, começou a haver uma grande probablidade de que a população de jegues fosse eliminada nos próximos anos, já que eleseram abatidos muito mais rapidamente do que poderiam reproduzir.
Em defesa dos animais
Essa decisão do TRF-1 é mais um passo importante de uma ação que corre desde 2018. Na época, entidades de defesa do direito dos animais entraram com um processo solicitando a proibição. Em um primeiro momento, a Justiça da Bahia concedeu uma liminar proibindo os abates no Estado.
No entanto, em 2019 a medida foi suspensa, com a justificativa de que a proibição do mercado prejudicava a economia do município e da Bahia, mas essa semana os desembargadores do TRF-1 derrubaram a medida, alegando que não há provas dos supostos prejuízos econômicos.
“Não se demonstrou (no argumento) a existência de uma grave lesão à economia pública”, afirmou o desembargador Carlos Eduardo Moreira Alves, que votou pela nova suspensão.
Já o desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, que também votou pela suspensão, citou a importância cultural do jumento para o Nordeste brasileiro.
“Há músicas e poemas sobre o jumento. Há uma música do Luiz Gonzaga (Apologia ao Jumento) que fala que o animal é nosso irmão, que relata essa proximidade do jumento como um animal de estimação. Imagina se a gente começa a exportar carne de cachorro e de gato para outras culturas que não têm essa proximidade com o animal”, disse.
Estamos falando dos jumentos, um símbolo do nosso país, da nossa cultura e um animal adorável, que não pode entrar em extinção. Além disso, estamos em 2022. A cultura sacrificar animais em pró de remédios têm que acabar. Não precisamos mais disso.
A suspensão do abate vale para todo território nacional, mas ainda cabe recurso.
Fonte: sonoticiaboa