Foi um dos filmes mais comentados e esperados do Festival de Cinema de Veneza. Um filme que marca o regresso ao grande ecrã do actor canadiano Brendan Fraser, a quem o público do Grande Salão rendeu uns bons seis minutos de aplausos. Você acertou, estamos falando de A Baleia, o novo filme dirigido por Darren Aronofsky, diretor de obras-primas como “O Lutador” e “Requiem for a Dream”.
Brendan Fraser Brought to Tears by 6-Minute Standing Ovation for The Whale
The standing ovation for #TheWhale was so enthusiastic, Brendan Fraser tried to leave the theater but the crowd’s applause made him stay. 👍 Let's Talk Movies
Posted by Let's Talk Movies on Sunday, September 4, 2022
O filme é intrigante para muitos pela atuação de Brendan Fraser, um dos atores mais populares dos anos 90, graças às suas atuações inesquecíveis em “George of the Jungle” e “The Mummy”. Para o artista, reaparecer em um filme após quase 10 anos de ausência (devido a uma série de problemas de saúde e tragédias pessoais), interpretar o herói de “A Baleia” tem sido um dos desafios mais difíceis de sua carreira.
E, de fato, o que Aronofsky foi solicitado a interpretar é um personagem complexo, profundo e puro, capaz de transmitir fortes emoções.
“Charlie é o homem mais heróico que já interpretei. Ele tem um superpoder: ele vê o lado bom das pessoas”, admitiu Fraser. A Baleia conta uma história dramática, é verdade, mas acima de tudo é um hino à diversidade e ao perdão.
O enredo
O filme acompanha a história de um solitário professor de inglês homossexual, que sofre de uma forma grave de obesidade, e tenta se reconectar com sua filha adolescente (interpretada pela jovem e talentosa Sadie Sink, que já conquistou o público por sua atuação na série da Netflix “Stranger Things”), que abandonou 10 anos antes para viver livremente o seu amor.
Para entrar no lugar de Charlie, que passa seus dias sombrios em uma poltrona como uma baleia encalhada, o ator teve que usar próteses especiais para aumentar seu peso em 130 quilos.
O filme, que estreou nos cinemas americanos em dezembro, é baseado na peça homônima de Samuel D. Hunter, que encantou o diretor.
Quando assisti ao show de Sam Hunter, oito anos atrás, fiquei maravilhado com a profundidade de seus personagens, especialmente Charlie, e fui inspirado a usar a tela grande para colocar o público no lugar de Charlie, para mergulhar em seus pensamentos mais profundos, em seus arrependimentos e suas esperanças. – disse Aronofsky –Mas onde eu encontraria meu Charlie?
Eu precisava de um grande talento que pudesse brilhar através da maquiagem, um ator com um coração enorme e uma alma pura. Assim que conheci Brendan, soube imediatamente que havia encontrado meu protagonista. Há algo de inefável nele que dá vida ao personagem e nos transporta – mente e coração – para o que poderia ser incognoscível.
A Baleia, cuja escolha dos atores durou 10 anos, é uma obra cheia de tristeza, mas sobretudo de humanidade, a autêntica.
Os tempos estão difíceis agora no planeta Terra e, neste momento da minha vida, só quero fazer duas coisas: chamar a atenção e o amor para a Mãe Terra e nos lembrar como cidadãos de mostrar nossa humanidade. – explica o diretor – O que adoro na escrita de Sam é que seus personagens são reais: nem super-heróis, nem sempre bons, nem sempre maus, mas feitos de nuances. Sua escrita nos lembra de nossa humanidade e da necessidade de nos conectarmos com os outros.
Biennale Cinema 2022 – Conferenze stampa / Press conferences (4.09)
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Posted by La Biennale di Venezia on Sunday, September 4, 2022
A mensagem em “A Baleia”
A Baleia é uma obra que, com muita delicadeza, toca as cordas mais profundas da alma. Um filme dramático que fala sobre perdão, desconforto relacionado à própria condição física, aceitação, solidão e redenção, mas que no final entrega ao espectador uma mensagem de otimismo e esperança.
Há algum cinismo no filme, mas ele luta constantemente contra a esperança de Charlie e sua visão de mundo. A frase ‘as pessoas são realmente incapazes de não se importar com os outros’ é o motivo pelo qual fiz o filme”, esclareceu Aronofsky em uma entrevista. – Esta é a mensagem mais importante para colocar no mundo agora. Todo mundo abraça o lado sombrio e o cinismo, mas o que precisamos entender é que precisamos acreditar nos outros. Temos que segurar isso.
E a sétima arte – de alguma forma – pode nos ajudar a nos tornarmos mais empáticos, como destaca o diretor americano:
O cinema pode nos conectar com os outros, não importa o quão diferentes eles possam parecer na superfície.
Para melhor interpretar Charlie, o ator Brendan Fraser colaborou com a organização sem fins lucrativos Obesity Action Coalition, que oferece apoio a pessoas obesas.
É tão triste o quanto negligenciamos pessoas que são únicas e incríveis. Fizemos um ótimo trabalho com a Obesity Action Coalition, que me ajudou a ter a sensibilidade de trazer essa história para a tela.
Fonte: Bienal de Veneza
