Nós somos todos carneirinhos. Pedestres em grupos e multidões se comportam como um rebanho de ovelhas. Quando não se sabe para aonde ir, em situações de confusão, as pessoas tendem a seguir aqueles veem pela frente, especialmente se estes parecem saber para aonde vão.
Esta é uma descoberta, que contou com o Instituto para a aplicação do cálculo do Consiglio Nazionale delle Ricerche (IAC-CNR), em Roma, publicado no arXiv.
O experimento foi realizado pelo Departamento de Matemática da Universidade Sapienza de Roma. Dois grupos de cerca de 40 pessoas foram convidadas a chegar, partindo de uma sala de aula, a um determinado lugar, desconhecido por todos, exceto por uma pessoa no primeiro grupo e por cinco no segundo (o que não fora revelado até o final da experiência).
“Saindo da sala de aula”, disse o pesquisador Emiliano Cristiani do IAC-CNR, “as pessoas mostraram uma ligeira tendência a irem para a direita, na direção do Departamento que lhes era mais familiar, mas isso logo foi superado pelo desejo de seguir os colegas que estavam na frente. Este comportamento permitiu que as pessoas capazes de ‘arrastarem’ os outros, pudessem encaminhá-las pelo caminho mais rápido”.
Esta é a primeira experiência do tipo, feita com pedestres em um escopo de pesquisa. Os pesquisadores descobriram que as pessoas parecem não se sentir confortáveis com as instruções que vêm de cima, mas se tornam dóceis quando acreditam que estão escolhendo autonomamente.
“Novos modelos matemáticos e métodos de otimização foram usados em combinação para encontrar a estratégia do líder oculto, a levar todos para o seu destino, evitando esperas e congestionamento. O melhor método é dividir a multidão para direcioná-la para todas as saídas disponíveis, mesmo as mais distantes e menos conhecidas. No caso de haver apenas uma saída, para garantir um escoamento ideal é paradoxalmente preferível enganar algumas pessoas, levando-as para longe da saída disponível, para depois trazê-las de volta na direção certa”.
Este comportamento poderia ser usado para orientar o movimento de uma multidão em situações de emergência, talvez, misturando à esta, os sujeitos que sabem exatamente como se comportarem.
As técnicas de controle das grandes multidões estudadas nesta pesquisa, na verdade, encontram a sua aplicação natural nos casos em que a situação perigosa é previsível, mas a comunicação entre as autoridades e a multidão é difícil, como durante uma manifestação violenta. Nestes casos, os agentes à paisana, escondidos no meio da multidão, podem correr em direções previamente pensadas para ativar o efeito rebanho.
“Quisemos testar no campo, a precisão das previsões dos modelos matemáticos para o controle das multidões, que usam o chamado efeito rebanho – disse o pesquisador. É um comportamento que ocorre em animais sociais, como gansos, baratas e, claro, carneiros, que se movem seguindo os companheiros mais próximos, independentemente do destino a que devem chegar. Em matemática, um rebanho é um exemplo de um sistema de auto-organização, um grupo composto por um grande número de ‘agentes’ que se seguem regras simples e em que as dinâmicas individuais são influenciadas por aquelas dos agentes mais próximos. Embora seja geralmente associada às atitudes para com os animais, estudos deste gênero são úteis para orientar grandes aglomerações humanas em situações delicadas, como em planos estratégicos de evacuação.
Fonte foto: witaly.it