Embora não seja considerada uma psicopatologia pela Organização Mundial da Saúde, a Síndrome de Peter Pan tem estado cada vez mais evidente e vem afetando cada vez mais homens adultos, e em menor escala, também as mulheres.
Descrita por Dan Kiley em 1983, a Síndrome de Peter Pan é reconhecida pela psicologia desde então, e uma das possíveis causas pode ser a superproteção dos pais, mães e cuidadores.
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Adultos por fora, mas crianças por dentro – a Síndrome de Peter Pan
Normalmente, eles têm mais de 30 anos de idade quando os traços da síndrome começam a se consolidar e formar a caracterização comportamental. Adultos simpáticos, geralmente muito amigáveis em um primeiro contato, guardam um inconsciente temor do fracasso, do abandono e da solidão. A síndrome leva este nome, pois comumente os que a portam se sentem incapazes de tornarem-se adultos ou de crescerem, assim como o personagem da literatura.
As causas e as consequências da Síndrome de Peter Pan
Para Humbelina Robles Ortega, professora da Universidade de Granada e especialista em transtornos emocionais, o problema pode ser oriundo da superproteção que estas pessoas receberam quando crianças: “geralmente afeta pessoas dependentes que foram superprotegidas por suas famílias e não desenvolveram as habilidades necessárias para enfrentar a vida”.
São incapazes de firmar compromissos duradouros, como relacionamentos longos, por exemplo, pois sempre exigem grandes doses de afeto de pessoas, frequentemente mulheres, que possam dar tudo a eles sem solicitar nada em contrapartida. Eles “veem o mundo adulto como muito problemático e glorificam a adolescência, por isso eles querem ficar nesse estado de privilégio”, afirma Ortega.
É comum que sejam irresponsáveis e estejam sempre à procura de diversão, sem grande comprometimento. Muito frequentemente há demasiada preocupação com a aparência, resultando na estereótipo visual excêntrico. Assim, estes adultos se recusam à renúncia do papel de filhos, não aceitando a chegada da vida adulta.
Como a solidão é um temor muito recorrente na síndrome, quem convive com ela costuma se cercar do maior número de pessoas possível, uma tentativa de compensar as possibilidades de abandono. Assim, se uma amizade é encerrada ou desfeita, haverá outras para substituí-la. É normal também que haja uma forte rejeição a críticas, podendo ocasionar em insubordinação aos superiores, prejudicando assim a vida profissional.
“Eles se tornam ansiosos quando são avaliados por seus colegas de trabalho ou seus superiores, dado que eles são completamente intolerantes a qualquer crítica. Muitas vezes, quem sofre com a Síndrome de Peter Pan pode ter sérios problemas de adaptação no trabalho em ou relacionamentos pessoais”, completa Humbelina.
A Síndrome de Wendy
Dan Kiley, psicólogo responsável pelo registro da Síndrome de Peter Pan, também expõe a respeito do que seria a “Síndrome de Wendy”, condição que levaria determinadas mulheres a agirem como mães para parceiros ou pessoas próximas.
Segundo Humbelina, quem sofre com a Síndrome de Wendy “toma todas as decisões e assume as responsabilidades do parceiro, justificando assim sua falta de confiança. Podemos encontrar pessoas com Síndrome de Wendy mesmo dentro de famílias que conhecemos: as mães superprotetoras”.
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Ainda que os dois tipos de distúrbios não sejam classificados como uma psicopatologia, Humbelina ressalta que o maior problema de quem sofre com algum deles é a impossibilidade de perceber a própria condição, pois não há ciência disso. A professora também frisa que uma das únicas soluções possíveis consiste em um acompanhamento profissional com terapia adequada, tanto de quem sofre com a síndrome como também de seu parceiro ou parceira e ainda familiares.
Assim, é sempre importante lembrar que a busca por ajuda não deve ser motivo de vergonha. A procura por auxílio de um profissional deve ser vista como uma atividade natural, uma vez que o profissional da mente existe justamente para nos trazer qualidade de vida, e consequentemente, saúde.
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Fonte foto capa: peoples