Veja como a morte de uma mulher mudou Hollywood

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Em meio à época mais liberal de Hollywood, na qual mulheres eram iteligentes, ambiciosas, criminosas, se divorciavam, tinham filhos fora do casamento, e até seduziam outras mulheres, Hollywood sofreu um baque fenomenal que mudou suas história – e as histórias de suas produções – ao menos frente às câmeras.

Virginia Rappe era uma atriz de 26 anos em meio ao ostracismo mas que ainda procurava por uma maior chance. Roscoe Fatty Arbuckle era um ator promissor que estava comemorando o contrato que o faria ser o ator mais bem pago de Hollywood.

Arbuckle, para celebar em grande estilo, alugou 3 quartos de um hotel para realizar uma festa que duraria 3 dias. Um festa regada a muita bebida alcoólica em meio à Lei Seca (a lei seca só valia para os pobres).

O destino deles mudou tragicamente na manhã do último dia, em que os poucos convidados acordados ouviram Virigina gritar e a encontraram caída no chão. A uma outra convidada ela sussurou: “Arbuckle fez isso”.

Isso foi o suficiente para o ator ser algemado, levado preso e passar por um julgamento.

Ela morreu 4 dias depois no hospital Wakefield Sanatorium. Segundo relatórios do hospital, em decorrência de uma peritonite provocada por uma bexiga rompida. Boatos se espalharam de que o ator a teria estuprado com uma garrafa de champanhe ou refrigerante, apesar de não acharem vestígios de agressão.

Mas bastaram esses boatos para a mídia o julgar culpado antes mesmo do julgamento. Seus fans o abandonaram, o estúdio rompeu contrato. Al final do julgamento foi constatado que Rappe poderia ter morrido em decorrência do aborto que teria feito apenas 3 dias antes da festa, daí a bexiga rompida. Esse último aborto seria o sexto da atriz. Ela também sofria de gonorreia avançada e estava com a saúde debilitada por abuso de álcool.

Também descobriram mais tarde que a convidada que disse escutar o sussurro de Rappe não era confiável, pois estava à procura de alguém para extorquir e já havia dito a um comparsa que ali havia muito dinheiro.

Arbuckle foi inocentado de todas a acusações, mas sua imagem ficou manchada para sempre. Os jornais não deram importância e usaram a história em seus mais sórdidos detalhes para vender jornais. William Randolph Hearst, o magnata da imprensa que inspirou Cidadão Kane (1941), usou seus quase 30 jornais para animar os detalhes mais truculentos:  manchetes como “O estuprador dança enquanto sua vítima morre” ou “A orgia de Arbuckle” venderam mais jornais do que depois do naufrágio do Lusitania (o fator que levou à entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial).

virginia rappe

@Bettmann archive

Resultados do caso

Com medo da intervenção do Governo e da perda de público, a indústria, como explica o historiador do cinema Adrián Esbilla, buscou uma solução:

“Os próprios estúdios tentaram limpar sua imagem e, ao mesmo tempo, escapar de um verdadeiro controle censório criando um código sob medida e que eles próprios controlavam. A pedido dos cinco majors, foi criado um escritório pelo qual deviam passar não os filmes, mas os projetos. Para dirigi-lo, o Senado enviou Will H. Hays, um republicano presbiteriano”.

Após isso, toda a liberdade de Hollywood foi embora. Foi criado o Código Hays e agora as mulheres eram donas de casa, submissas, felizes e dormiam em camas separadas. Não faziam sexo, não tinham ambição e não causavam problemas. Hollywood ficou mais quadrada e baixou as mulheres a uma categoria inferior.

Somente 11 anos após a tragédia Arbuckle finalmente recebeu uma ligação de Jack Warner oferecendo a oportunidade de atuar em frente às câmeras com seu nome verdadeiro. Poucas horas depois, morreu de ataque cardíaco no braços de sua mulher, aos 46 anos.

Cem anos depois daquela festa, o código Hays é apenas uma má lembrança, mas os boatos que acabam com carreiras continuam mais atuais do que nunca. E agora não são só alguns jornais. São bilhões de usuários de redes sociais, que se sentem no direito de espalhar rumores e julgar.

Como escreveu o crítico do Los Angeles Times, Kenneth Turan:

“Ao menos Arbuckle não teve de lidar com o Twitter”.

Fonte: brasil.elpaís

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Nascida e criada em São Paulo, é publicitária formada pela Faculdade Cásper Líbero e Master em Programação Neurolinguística. Trabalha como redatora publicitária, redatora de conteúdo e tradutora de inglês e espanhol. Apaixonada por animais e viagens, morou no Canadá e no Uruguai, e não dispensa uma oportunidade de conhecer novos lugares e culturas.
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