A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, considerada a maior do mundo, volta às ruas no próximo domingo (19), após dois anos de evento virtual em razão da pandemia de covid-19.
A primeria parada em São Paulo, ainda chamada de Parada do Orgulho Gay, foi realizada em 1997 com 2 mil participantes. Em 2016, o então prefeito da cidade, Fernando Haddad (PT), incluiu a parada no calendário oficial da cidade, o que atraiu ainda mais patrocinadores e público.
A parada LGBT de São Paulo entrou no Guiness, o livro dos Recordes, por já ter alcançado mais de 4 milhões de participantes.
Como será a volta da Parada LGBT
“A expectativa é que seja bem grande. A parada não é só uma festa, é um momento de desabafo, de pedir democracia, e as pessoas estão sedentas por se manifestar”,
diz Claudia Regina Garcia, presidente da APOLGBT (Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo), que organiza o evento. Em 2019, o evento reuniu 3 milhões de pessoas segundo a organização e movimentou R$ 403 milhões na economia da cidade.
As lives durante o período de isolamento foram importantes, segundo Claudia, para manter a visibilidade da data. “Mas o formato já estava saturado. O povo na rua é uma imagem que impacta muito mais”. Neste ano, a parada reforça o tema político dos últimos anos como o mote “Vote Com Orgulho”, em referência às eleições que serão realizadas em outubro deste ano. Desde o início da semana, quem passa pela avenida Paulista, palco do evento, já vê cartazes que mencionam a importância do voto. A via mais famosa da cidade está decorada também com objetos com as cores do arco-íris, como um enorme coração inflável na fachada do Conjunto Nacional, próximo à estação Consolação do metrô.
Segundo a APOLGBT, 18 trios elétricos cruzarão a avenida Paulista a partir das 12h —o primeiro deles, que abre a festa, será o do grupo Mães Pela Diversidade, que reúne mães de pessoas LGBTQIA+ em apoio à comunidade. Os seguintes terão como atrações Luísa Sonza, Gretchen, Pocah, Tiago Abravanel, Aretuzza Lovi e Liniker.
“Precisamos de parlamentares progressistas”
Para a presidente da APOLGBT, a ideia do tema vem com intuito estimular a comunidade, especialmente os mais jovens, a refletir sobre seus votos.
“Precisamos não só de um presidente democrata, que tenha olhos para a inclusão, mas de um Parlamento melhor, que represente a comunidade LGBTQIA+”, diz Claudia.
Neste ano, com o alto número de pré-candidatas trans para o Congresso em comparação com as eleições de 2018, exista a possibilidade de o Brasil eleger uma parlamentar trans pela primeira vez.
“Nós não temos, hoje, uma lei que defenda o casamento homoafetivo, que seja contra a homofobia, apenas decisões do STF (Superior Tribunal Federal) que podem ser revertidas a qualquer momento”,
pontua Claudia.
Precisamos de parlamentares dispostos a rever a Constituição e impedir que pautas conservadoras avancem.”
Claudia lembra que, durante a pandemia, assim como cresceram os índices de violência contra mulheres e crianças, também aumentaram os casos de homofobia e transfobia, dentro e fora de casa.
“O Estado pode não praticar a violência diretamente, mas permite que agressões sejam cometidas contra a população LGBT por meio da flexibilização do armamento e do desmonte de políticas públicas de defesa e inclusão da comunidade. Por isso, um vizinho homofóbico, por exemplo, pode se sentir no direito de fazer o que bem entende com as próprias mãos”.
Fonte: Universa