Irã retoma rigor maior no controle do uso do véu por mulheres após onda de protestos

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Mais de cem dias após a morte de Mahsa Amini e um arrefecimento dos protestos desencadeados pelo caso contra o regime, a polícia moral do Irã retomou o controle do uso do hijab pelas mulheres até em veículos, informou nesta segunda-feira (2) a imprensa local.

“A polícia iniciou a nova fase do programa Nazer-1 [‘Vigilância’, em tradução do persa] em todo país”, comunicou a agência de notícias Fars, ligada ao regime iraniano.

O programa tem como objetivo detectar a ausência do uso de hijab para, então, enviar uma mensagem de alerta às mulheres que não estiverem vestidas de acordo com as normas impostas pelo regime. “Foi detectada a ausência do uso do véu em seu veículo. É preciso respeitar as normas da sociedade e não repetir este ato”, será a mensagem disparada a quem for considerado infrator, segundo a Fars.

A agência informa que, em caso de insistência no desrespeito às normas, medidas legais e judiciais poderão ser aplicadas. O programa Nazer foi lançado pela polícia moral iraniana em 2020.

A medida deve alterar o comportamento da policial moral nos últimos meses. Manifestantes afirmam que, em resposta aos protestos desencadeados pela morte da jovem curda Amini, em setembro, autoridades suspenderam a detenção de mulheres que não se vestiam de acordo com as normas do regime. Relatos também dão conta que a presença da polícia moral nas ruas se tornou menos frequente. O alívio na repressão seria uma tática do regime para arrefecer os protestos, segundo ativistas.

Amini foi morta enquanto estava sob custódia da polícia moral em Teerã após ser detida por supostamente violar as rígidas normas de vestimenta para mulheres no país —autoridades dizem que ela tinha problemas de saúde, o que teria provocado a morte, mas a família diz que a jovem foi agredida.

Diante das manifestações recentes, a União do Povo Islâmico do Irã, principal legenda reformista do país, pediu a flexibilização da lei que obriga o uso do hijab. A sigla, formada por aliados do ex-presidente Mohamed Khatami, pediu às autoridades que preparassem “os elementos legais para a anulação da lei”.

A proposta, contudo, é rechaçada pelo presidente do Irã, o ultraconservador Ebrahim Raisi. Em julho, ele já havia pedido a “todas as instituições estatais” que aumentassem a fiscalização do uso do véu. “Os inimigos do Irã e do islã querem minar os valores culturais e religiosos da sociedade espalhando a corrupção”, disse à época.

Raisi, assim como outros líderes do regime iraniano, é alvo de protestos que desafiam a teocracia do Irã desde a morte de Amin.

Na repressão do regime aos protestos, um general iraniano admitiu em novembro que ao menos 300 pessoas morreram, incluindo dezenas de agentes das forças de segurança. Outras milhares foram presas, sendo que ao menos 13 acabaram condenadas à morte pelo regime –ao menos 2 já foram executadas.

Organizações de defesa dos direitos humanos sediadas fora do Irã, porém, apresentam números ainda maiores. Pela conta da agência ativista HRANA, seriam ao menos 507 manifestantes mortos pela polícia e por militares, incluindo 69 menores, além de 66 agentes das forças de segurança. Em relação às detenções, seriam mais de 18,5 mil —a maioria das quais já foi solta, na versão do regime.

Mais dois jovens iranianos foram condenados à forca nesta segunda por participação nos protestos contra o regime, segundo a ONG Iran Human Rights, com sede na Noruega, que atua em defesa dos direitos humanos.

Mehdi Mohammadifard, 18, é acusado de incendiar um posto da polícia de trânsito na cidade de Nowshahr, na província de Mazandaran. A sentença de morte foi proferida por um tribunal revolucionário em Sari, capital da província, após declarar o jovem culpado das acusações de praticar “corrupção na Terra” e de “inimizade contra Deus”.

Outro manifestante, Mohammad Ghobadlou, 19, também foi condenado à morte por “inimizade contra Deus”, segundo a agência de notícias Mizan Online. Ele é acusado de ter ferido com uma faca um guarda de segurança “com a intenção de matá-lo”, “semeado o terror entre os cidadãos”, além de ter “incendiado a sede do governo na cidade de Pakdasht”, a sudeste de Teerã.

A ONG Iran Human Rights informou na semana passada que pelo menos cem manifestantes correm o risco de serem executados. Os primeiros enforcamentos provocaram repúdio internacional, e grupos de direitos humanos pedem que o Irã seja pressionado para evitar novas execuções.

Dois homens de 23 anos já tinham sido executados por participação nos protestos pela morte de Amini. As ONGs temem que outras dezenas de pessoas também sejam enforcadas considerando que as autoridades usam a pena como medida para intimidar e tentar sufocar os protestos.

A insatisfação com o regime aumentou antes mesmo da morte de Mahsa, com a publicação de vídeos que mostraram a polícia moral arrastando mulheres para vans, levando-as à força para centros de reeducação.

Fonte: Folha

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Nascida e criada em São Paulo, é publicitária formada pela Faculdade Cásper Líbero e Master em Programação Neurolinguística. Trabalha como redatora publicitária, redatora de conteúdo e tradutora de inglês e espanhol. Apaixonada por animais e viagens, morou no Canadá e no Uruguai, e não dispensa uma oportunidade de conhecer novos lugares e culturas.
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