Ainda não se sabe ao certo o real impacto que a pandemia do novo coronavírus terá no mundo. A única coisa certa é que os mais vulneráveis estão sendo os mais afetados, situação que deve perdurar no mundo pós-pandemia.
Não só no Brasil: os grupos étnicos minoritários têm sido um dos principais afetados pela Covid-19 também no Reino Unido, por causa da poluição do ar e das moradias insalubres e superlotadas, segundo uma pesquisa realizada com 400 pacientes hospitalares publicada em um relatório da Public Health England, que mostrou a relação entre privação geral e os maus resultados do coronavírus.
De acordo com o relatório:
“Pacientes de etnias negra, asiática e minoritária têm maior probabilidade de serem admitidos em regiões com maior poluição do ar, qualidade da habitação e privação por superlotação nas famílias. É provável que isso contribua para explicar a causa da maioria das internações nas UTI entre os pacientes de Covid-19. ”
David Thickett, que é professor de medicina respiratória na Universidade de Birmingham e um dos membros da equipe de estudo, disse ao The Guardian não estar surpreso com a conclusão do relatório.
“Não é surpresa que as pessoas que vivem em áreas pobres e em moradias pobres se saem mal em uma pandemia. Isso é verdade desde a Peste Negra e isso reafirma a importância da privação em influenciar o padrão da doença”.
A pesquisa identificou que a maioria dos pacientes de Covid-19, no Reino Unido, é constituída por minorias étnicas que vivem em áreas com poluição ambiental e em moradias precárias. Tal grupo teria duas vezes mais chances de desenvolver os sintomas graves da doença e de precisarem de tratamento em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Os grupos étnicos minoritários respondem por 34% dos pacientes críticos da Covid-19 no Reino Unido, embora constituam apenas 14% da população. Além desse dado, pacientes de minorias étnicas são, em média, 10 anos mais jovens do que os pacientes brancos.
Trata-se da primeira pesquisa dedicada a analisar o papel da privação ambiental e habitacional na saúde pública. Apesar da contribuição, especialistas alertam que ela precisa passar por uma revisão por pares e que são necessários estudos adicionais para validar as suas hipóteses.
Sobre essa crítica, Thickett explica que
“a limitação deste estudo é que ele está em um único centro. O que você realmente deseja são dados de várias áreas diferentes”, pesquisa que já está sendo planejada pela equipe científica.
Outros especialistas consultados pelo The Guardian consideram que o relatório traz dados importantes sobre como a qualidade do ar interage com a injustiça social.
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